23 novembro 2011

A Rosa e a Árvore

Esta pobre rosa

Que agora encontra-se murcha e despetalada

Chegou onde chegou por causa de seu jardineiro

Eu era um pequeno botão sem graça

Que o observava a um certo tempo

O jardineiro por sua vez

Apenas me regava

Com a mesma água das outras plantas

Feliz de mim quando era hora do banho!

Eu queria ser diferente

Queria ser por ele notada de alguma forma

Então, comecei a desabrochar

Mostrar-lhe minhas pétalas mais belas

Vermelhas, vivas, sutis, formosas...

Mas de nada me adiantou

Pois o jardineiro amava a ti, árvore

À tua sombra armava a rede

E alí dormia horas a fio

Nos dias frios, era tua lenha que o aqueceia

Se fome sentia

Lá estava teu fruto para o dar de comer

Se doente ficava

Lá estava tuas folhas para fazer chá

Eu contigo não pude competir, querida árvore

E de tristesa fui morrendo

Mas não me queira mal por isso

Pois eu a quero muito bem

E como último pedido, te pesso

Cuida do nosso jardineiro

Dá a ele tudo que esta rosa não pôde dar

Sombra, fruto, lenha e semente

Para quando estiveres perto de morrer

Ele possa plantar-te novamente

E te amar de novo, de novo, de novo...

Esse é meu testamento, querida árvore

Tomara que na minha próxima vida

Eu possa voltar como árvore

E ser amada por um jardineiro, assim como tu

Que cuide de mim e que eu possa também dele cuidar

Agora te pesso licença

Para partir em paz

E renascer de outro jeito em outro lugar

Me deseje sorte

Pois as rosas são belas e formosas

Mas duram muito pouco

Não temos frutos

E somos cheias de espinhos

Que machucam a todos, mesmo sem querer

Cuida do jardineiro, querida árvore

Só isso que te pesso

E te pesso por papel

Pois as rosas não falam

Mas escrevem muito bem.




Lorena Lílian

Dedicada à árvore de muita sorte : Marina.