Esta pobre rosa
Que agora encontra-se murcha e despetalada
Chegou onde chegou por causa de seu jardineiro
Eu era um pequeno botão sem graça
Que o observava a um certo tempo
O jardineiro por sua vez
Apenas me regava
Com a mesma água das outras plantas
Feliz de mim quando era hora do banho!
Eu queria ser diferente
Queria ser por ele notada de alguma forma
Então, comecei a desabrochar
Mostrar-lhe minhas pétalas mais belas
Vermelhas, vivas, sutis, formosas...
Mas de nada me adiantou
Pois o jardineiro amava a ti, árvore
À tua sombra armava a rede
E alí dormia horas a fio
Nos dias frios, era tua lenha que o aqueceia
Se fome sentia
Lá estava teu fruto para o dar de comer
Se doente ficava
Lá estava tuas folhas para fazer chá
Eu contigo não pude competir, querida árvore
E de tristesa fui morrendo
Mas não me queira mal por isso
Pois eu a quero muito bem
E como último pedido, te pesso
Cuida do nosso jardineiro
Dá a ele tudo que esta rosa não pôde dar
Sombra, fruto, lenha e semente
Para quando estiveres perto de morrer
Ele possa plantar-te novamente
E te amar de novo, de novo, de novo...
Esse é meu testamento, querida árvore
Tomara que na minha próxima vida
Eu possa voltar como árvore
E ser amada por um jardineiro, assim como tu
Que cuide de mim e que eu possa também dele cuidar
Agora te pesso licença
Para partir em paz
E renascer de outro jeito em outro lugar
Me deseje sorte
Pois as rosas são belas e formosas
Mas duram muito pouco
Não temos frutos
E somos cheias de espinhos
Que machucam a todos, mesmo sem querer
Cuida do jardineiro, querida árvore
Só isso que te pesso
E te pesso por papel
Pois as rosas não falam
Mas escrevem muito bem.
Lorena Lílian
Dedicada à árvore de muita sorte : Marina.
você escreve muito bem. de verdade, achei muito bonito..
ResponderExcluirlhe desejo sorte, que um jardineiro bondoso lhe encontre e cuide muito bem de você.
quanto ao nosso jardineiro, cuidarei muito bem dele ;)
Marina.